O mês de abril traz consigo uma reflexão essencial para todos nós que vivemos o dia a dia da construção: Estamos colocando a saúde e a segurança do trabalho sempre em primeiro lugar? Essa reflexão é fruto do Abril Verde, campanha instituída mundialmente e abraçada no Brasil, que tem como marco o Dia Mundial da Saúde, realizado em 7 de abril, e o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, no dia 28. Para o setor da construção, um dos pilares da economia, e também um setor desafiador em termos de riscos ocupacionais, o Abril Verde é mais do que uma data, é um compromisso com a vida.


O Contexto da Indústria da Construção

A construção é um universo dinâmico, onde o trabalho operacional, o uso de máquinas pesadas e a execução de tarefas em altura ou em ambientes confinados fazem parte da rotina. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o setor frequentemente aparece entre os líderes em registros de acidentes do trabalho no Brasil. Quedas, soterramentos, choques elétricos e golpes por objetos são apenas alguns exemplos de incidentes que, muitas vezes, poderiam ser evitados com medidas preventivas simples, mas eficazes.

O Abril Verde vem, então, como um alerta e uma oportunidade. É o momento de olharmos para nossas obras, sejam elas residenciais, comerciais ou de infraestrutura, e perguntarmos: Estamos realmente priorizando a segurança?


Segurança como Cultura

Como engenheiro civil e auditor de segurança do trabalho, posso afirmar: a segurança não é apenas uma questão de cumprimento das normas regulamentadoras (NRs), como a NR-18, que rege as condições de trabalho na construção. Ela vai além dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ou da sinalização adequada. Segurança é uma cultura que precisa ser construída, tijolo por tijolo, desde o planejamento da obra até sua entrega.

Isso significa ter políticas, programas e planos de saúde e segurança do trabalho adequados e capacitar os trabalhadores, em todos os níveis, com treinamentos regulares. Significa também investir em equipamentos de qualidade e inspecioná-los com rigor. Sobretudo, implica uma mudança de mentalidade: o cronograma e o orçamento não podem jamais se sobrepor à integridade física de quem faz a obra acontecer.


O Papel do Abril Verde

Neste mês, o verde, cor que simboliza a esperança e a vida, nos convida a agir. É hora de promovemos campanhas internas nas empresas, de realizarmos Diálogos Diários de Segurança (DDS) mais enfáticos e de envolvermos as equipes em simulados de emergência. É também o momento de auditar nossas práticas:

  • Os andaimes estão devidamente travados?

  • As escavações têm escoramento adequado?

  • Os trabalhadores estão usando cinto de segurança com duplo talabarte em trabalhos em altura?

O Abril Verde não é apenas sobre lembrar as vítimas de acidentes passados, mas sobre prevenir que, nas novas histórias, perdas aconteçam. Cada operário que retorna para casa seguro e saudável ao fim do expediente é uma vitória silenciosa da saúde e segurança do trabalho.


Um Convite à Ação

Como profissionais da construção, temos a responsabilidade de transformar o Abril Verde em um marco concreto de mudança. Que tal aproveitar este mês para revisar os Planos de Gerenciamento de Riscos (PGR’s), atualizar os Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO’s) e reforçar o uso correto dos Equipamentos de Proteção (EPC’s e EPI’s)?

Pequenas ações, quando somadas, são um edifício sólido de proteção.

A construção civil move o Brasil, mas são as pessoas que movem a construção. Proteger quem constrói é garantir que o futuro continue sendo erguido com segurança, dignidade e respeito.

Que este Abril Verde seja mais do que uma campanha, que seja o início de uma obra permanente em prol da vida.


Juliano Lacerda Siqueira
Engenheiro Civil e Eng. de Segurança do Trabalho
Coordenador de Segurança do Trabalho do Seconci Goiás

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